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IQUIQUE OU A GRANDE DESOLAÇÃO
Quilômetros e quilômetros de estradas solitárias, com ruínas de galpões, minas e fábricas abandonadas dos dois lados, uma longa costa pouco percorrida onde só se ouve o vento eternamente assediando desde o Deserto do Atacama e o mar em seu eterno ir e vir do Pacífico; é o que hoje circunda a cidade portuária de Iquique, na região de Tarapacá, cidade que tem uma história de guerras, fome, opressão e desolação.
Esta região hoje pertence ao Chile, localizada ao norte, mas no passado pertenceu ao Peru e por um breve período à Bolívia, durante a guerra entre esses dois países em 1842. Também pertenceu ao Chile desde a Guerra do Pacífico, que ocorreu entre os três países mencionados por volta de 1880, de modo que a transformação do que era uma pequena aldeia pós-colonial numa cidade reconstruída como uma grande urbe não pode ser vista separadamente do que foi um prolongado conflito de interesses económicos. E estes interesses tornam-se mais agudos quando o tentáculo capitalista da Inglaterra coloca as suas ventosas na região com aquele que era o seu único motor de desenvolvimento: a indústria de nitratos. “A Inglaterra tinha tomado o lugar da Espanha”, afirma Eduardo Galeano em As veias abertas da América Latina, e depois raciocina: “Até então, o deserto tinha servido como zona tampão para os conflitos latentes entre o Chile, o Peru e a Bolívia. O salitre começou a luta. A guerra do salitre estourou em 1879 e durou até 1883. As forças armadas chilenas, que em 1879 também haviam ocupado os portos peruanos da região do salitre, Patillos, Iquique, Pisagua, Junín, finalmente entraram vitoriosas em Lima, e ao mesmo tempo no dia seguinte, a fortaleza de Callao rendeu-se. A derrota causou a mutilação e o sangramento do Peru” (Siglo XXI editores, 2000, página 228).
Com o rápido desenvolvimento da mineração de nitratos em torno do porto de Iquique, no final do século XIX, agora definitivamente nas mãos do Chile, é o capital inglês que promove e desenvolve esta cidade mas, é claro, um desenvolvimento puramente capitalista, às custas da pobreza dos pampeanos. A região começa a se encher de imigrantes ingleses, alemães, espanhóis e italianos de classe média com interesses econômicos diversos sempre associados à indústria de nitratos, enquanto o povo nativo, formado por bolivianos, peruanos e chilenos das classes populares, além de alguns outros imigrantes, empobrecidos pela concorrência interna desleal da burguesía, começam a tornar-se trabalhadores explorados, oprimidos e marginalizados.
Esta situação perdurou até a primeira década do século XX, quando os trabalhadores do salitre decidiram se organizar e exigir as suas reivindicações. Suas jornadas eram de 16 a 18 horas, eram pagos em fichas válidas apenas para a mesma empresa emprega - dora, ou seja, não recebiam remuneração real, não tinham direito à educação dos filhos, nem seguro ou qualquer coisa parecida com benefícios sociais. Motivada por isso, a população mineira da vasta região do Pampa Chileno iniciou uma caminhada pacífica, com palavras de ordem, bandeiras e estandartes, sem armas, com suas esposas, filhos e filhas, de todas as áreas vizinhas, principalmente do Escritório de Nitrato de San Lorenzo, no cantão de San Antonio, à sede das minas de salitre de Iquique, na segunda semana de dezembro de 1907. Assim lembra o último sobrevivente daquela manifestação, entrevistado para o documentário Escuela Santa María de Iquique, 1907, direção de Cláudio Sapiaín, filmado pela Universidade do Chile em 1969, durante o governo de Salvador Allende (visível em https://youtu.be/cEjqIAcXpms?t=814) :
“Assim chegou o dia certo, o dia do princípio para ir ao dia fatal. Eles partiram, senhores. Ao Escritório Santa Lucia. Vamos pegar as vias do trem. Os Oito, aos quinze, aos vinte quarteirões, o povão, alguns já estavam ficando sem água, a fome estava che - gando, o bebê pedia só aguinha, e a filhinha que estava andando ficava caindo no chão e não conseguia mais andar, nós sabíamos que havia muito sol, ainda mais aqui.”
Na marcha, havia muito mais do que cinco mil pessoas das classes mais baixas. Saíram da mina de nitrato de San Lorenzo para Santa Lucía e de lá para San Antonio, para se agruparem e seguirem para Iquique. À entrada da cidade, aguardava-lhes a guarda montada e os granadeiros para impedir a sua passagem para o interior da cidade. O regimento levou os manifestantes ao Clube Hípico da cidade, onde seriam supostamente ouvidos pelas autoridades. De lá, após algumas horas de espera, são conduzidos ao pátio da Escola Domingo Santa María, no centro da cidade, sempre com a promessa de que suas reclamações seriam ouvidas. Os manifestantes decidiram se organizar para unir critérios na negociação para a solução da greve com as autoridades. Assim explica o historiador Rigoberto Sánchez, no documentário de 2007 Massacre na Escola Santa María para Iquique Televisión (também visível em
https://www.youtube.com/watch?v=QMmGW0zGfxo): “... E vão montar uma equipe de diretoria, o comitê central da greve, onde estarão os delegados de cada um dos escritórios em greve, e serão estabelecidas comissões de trabalho -para usar a linguagem atual-. Uma dedicada à troca de fichas, para poder comprar itens de consumo aqui no comércio local. Outra dedicada ao cuidado das instalações e evitar a embriaguez dos trabalhadores, e uma equipe que negociará com as autoridades.”
A lista de reivindicações que os trabalhadores -mineiros, ferroviários e portuários- entregaram aos militares, que já tinham toda a cidade sob custódia, contemplava vários pontos, entre eles, os principais eram: pagamentos de diária de 18 centavos, supressão do sistema de fichas, cobrir as bateis a modo de prevenção de acidentes (segurança no emprego), escolas para filhos de trabalhadores e indenização por despejo (demissão justificada e remunerada). Os proprietários das indústrias de nitrato recusaram-se a negociar com os trabalhadores até terminarem a greve, mas estes recusaram-se a regressar aos seus locais de trabalho até que os seus empregadores os atendessem. Carlos Eastman, que ocupava o cargo de Superintendente, compareceu ao local e assumiu a função de mediador do conflito, sem sucesso diante do poder manipulador dos empresários. No entanto, a realidade é que o Ministro do Interior, Rafael Sotomayor, e o próprio Presidente da República, Pedro Montt, deram a ordem expressa, por escrito, para proibir a liberdade de manifestação, independentemente do que acontecesse, mesmo que tivesse de recorrer à força, já que eram cerca de dez mil grevistas, e eles não estavam apenas no pátio da escola, mas também ocupavam a praça central da cidade. Deve-se notar que, na época, o Chile enfrentava uma forte desvalorização da sua moeda. O general Roberto Silva Renard, chefe militar da região, recebeu então uma ordem direta do presidente Montt por telegrama: “Adote todas as medidas para encerramento imediato da greve. Montt.” Desta forma, Silva Renard tentou dar ordem aos manifestantes para se dirigirem aos seus locais de trabalho, mas, como seria de esperar, estes recusaram uma vez que os seus patrões não mostraram o rosto.
O relatório que Silva Renard envia ao Ministro Sotomayor, justificando a sua acção, detalha cinicamente os fatos:
“Como se compreenderá, os oradores nada mais fizeram do que repetir os lugares-comuns da guerra contra o capital e a ordem social existente.” (Arquivo Geral do Chile, também citado pelo historiador Sergio Grez Toso em seu ensaio La guerra preventiva: Escuela Santa María de Iquique. Las razones del poder, no site: http://dialogoandino.cl/wp-content/uploads/2016/07/05-GREZDA-31.pdf Trad.: “A guerra preventiva: Escola Santa Maria de Iquique. As razões do poder”).
Por fim, às 15h30 do dia 21 de dezembro, Silva Renard grita a ordem de atirar contra os delegados que estavam na parte alta da escola e contra a multidão em geral. O relatório oficial do massacre apenas reconheceu 120 mortes, no entanto, diferentes depoimentos de sobreviventes e testemunhas que foram recolhidos ao longo do século XX, atestaram que ali, em pouco menos de um minuto (trinta segundos admitiu o próprio Silva Renard no referido relatório), o exército assassinou entre 2.000 e 3.000 pessoas, incluindo homens, mulheres e menores. Esses sobreviventes fugiram do local, derrotados, feridos, humilhados, ensanguentados, tendo seus familiares assassinados e também obrigados a retornarem ao trabalho, enquanto seus mortos, deixados para trás no centro de Iquique, foram enterrados em uma vala comum na periferia do povoado. Devido ao caráter escandaloso do massacre e à cobertura mediática que recebeu, o Congresso Nacional ordenou a criação de uma Comissão Ofi - cial de Investigação do acontecimento que nunca foi constituída. Em 1914, o General Silva Renard foi mortalmente ferido por um sobrevivente do referido massacre, um dos reconhecidos fundadores do movimento anarquista chileno, Antonio Ramón Ramón, que vingou a morte de seus parentes assassinados por ordem dos militares. A única coisa que se assemelhou à justiça que houve para quem causou tantas mortes.
Hoje, por decisão da presidente Michele Bachelet, todo dia 21 de dezembro, desde o centenário do massacre em 2007, foi declarado Dia de Luto Nacional e foi criado um monumento em homenagem aos mártires de Iquique. No entanto, o rescaldo do massacre ainda está vivo nos pampas chilenos, nos quilómetros e quilómetros de estradas solitárias, com ruínas dos dois lados, na longa costa onde apenas se ouve o vento sitiante do deserto do Atacama e do mar. em seu eterno ir e vir do Pacífico, tudo em uma grande e comovente desolação.
(Artigo original acessível em: http://masdelodebidoymenosdeloquerido.blogspot.com/2014/11/iquique-o-la-gran-desolacion.html )
IQUIQUE, O LA GRAN DESOLACIÓN
Kilómetros y kilómetros de carreteras solitarias, con ruinas de galpones, minas y fábricas abandonadas de lado y lado, una larga costa apenas transitada en donde sólo se oyen el viento asediando eternamente desde el desierto de Atacama y el mar en su eterno ir y venir desde el Pacífico, es lo que rodea hoy a la ciudad portuaria de Iquique, en la región de Tarapacá, una ciudad que guarda una historia de guerras, hambrunas, opresión y desolación.
Esta región pertenece hoy a Chile, ubicada al norte, pero alguna vez en el pasado perteneció a Perú y por breve tiempo a Bolivia, durante la guerra entre estos dos países en 1842. Igualmente pertenece a Chile desde la Guerra del Pacífico, ocurrida entre los tres países mencionados hacia 1880, de manera que la transformación de lo que era una pequeña aldea postcolonial a una ciudad reconstruida como una gran urbe no puede verse desligada de lo que fue un prolongado conflicto de intereses económicos. Y estos intereses se agudizan cuando el tentáculo capitalista de Inglaterra mete sus ventosas en la región con lo que fue su único motor de desarrollo: la industria salitrera. “Inglaterra había ocupado el lugar de España” afirma Eduardo Galeano en Las venas abiertas de América Latina, y luego razona: “Hasta aquella época, el desierto había oficiado de zona de amortiguación para los conflictos latentes entre Chile, Perú y Bolivia. El salitre desencadenó la pelea. La guerra del salitre estalló en 1879 y duró hasta 1883. Las fuerzas armadas chilenas, que ya en 1879 habían ocupado también los puertos peruanos de la región del salitre, Patillos, Iquique, Pisagua, Junín, entraron por fin victoriosos en Lima, y al día siguiente la fortaleza del Callao se rindió. La derrota provocó la mutilación y la sangría de Perú” (Siglo XXI editores, 2000, pág.228).
Con el rápido desarrollo de la minería salitrera alrededor del puerto de Iquique, a finales del siglo XIX, ya definitivamente en manos de Chile, son los capitales ingleses quienes impulsan y desarrollan a esta ciudad, pero por supuesto un desarrollo meramente capitalista, a expensas de la pobreza de los pampinos. La región se empieza a llenar de inmigrantes ingleses, alemanes, españoles e italianos de clase media con diferentes intereses económicos asociados siempre con la industria salitrera, mientras el pueblo nativo, compuesto por bolivianos, peruanos y chilenos de las clases más bajas, así como algunos inmigrantes empobrecidos por la desleal competencia interna de la burguesía, comienzan a convertirse en obreros explotados, oprimidos y marginados.
Esta situación se mantiene hasta la primera década del siglo XX, cuando los trabajadores salitreros deciden organizarse y exigir reivindicaciones. Sus jornadas eran de 16 a 18 horas, les pagaban en fichas que sólo eran válidas para la misma empresa empleadora, es decir, no recibían remuneración real, no tenían derecho a la educación de sus hijos ni a seguro ni nada que se pareciera a beneficios sociales. Motivado a esto, la pobla - ción minera de la vasta región de la Pampa chilena inició una caminata pacífica, con consignas, banderas y pancartas, sin armas, con sus esposas, hijos e hijas, desde todas las zonas aledañas, principalmente de la Oficina salitrera de San Lorenzo, en el cantón de San Antonio, hasta la Oficina principal de las minas de salitre en Iquique, la segunda semana de diciembre de 1907. Así rememora el último sobreviviente de esa manifes - tación, entrevistado para el documental Escuela Santa María de Iquique, 1907, dirección de Cláudio Sapiaín, filmado por la Universidad de Chile en 1969, durante el gobierno de Salvador Allende (visible en https://youtu.be/cEjqIAcXpms?t=814):
“Así llegó el buen día, el día del principio para ir al día fatal. Partieron, señores. A la Oficina Santa Lucía. Vamos agarrando la línea del ferrocarril. Las ocho, las quince, las veinte cuadras, el gentío, algunos ya se les acababa el agua, ya venía el hambre, ya la guagua pedía era agüita, ya la hijita que venía andando se caía al suelo y era incapaz de andar, sabíamos bien que había mucho sol y más aquí.”
En la marcha había mucho más de cinco mil personas de las clases más bajas. Partieron de la salitrera San Lorenzo a la Santa Lucía, y de ahí a San Antonio, para agruparse y dirigirse a Iquique. En la entrada de la ciudad, los esperaba la guardia montada y los granaderos para impedir su paso al interior de la ciudad. El regimiento llevó a los manifestantes hasta el Club Hípico de la ciudad donde supuestamente serían escuchados por las autoridades. De allí, tras algunas horas de espera, son llevados al patio de la Escuela Domingo Santa María, en el centro de la ciudad, siempre con la promesa de que sus reclamos serían escuchados. Los manifestantes deciden organizarse para unir criterios en la negociación para la solución de la huelga con las autoridades. Así lo explica el historiador Rigoberto Sánchez, en el documental de 2007 Masacre en la Escuela Santa María para Iquique Televisión (visible también en https://www.youtube. com/watch?v=QMmGW0zGfxo):
“... Y va a haber un equipo directivo, el comité central de la huelga, donde van a estar los delegados de cada una de las oficinas en huelga, y se van a constituir comisiones de trabajo -para usar un lenguaje actual-. Una dedicada al cambio de ficha, para poder adquirir artículos de consumo acá en el comercio local. Otra dedicada al cuidado de las dependencias y a evitar la embriaguez de los trabajadores, y un equipo que va a negociar con las autoridades”
El pliego de peticiones que los obreros –mineros, ferroviarios y portuarios- entregaron a los militares, que ya tenían toda la ciudad custodiada, contemplaba varios puntos, entre ellos los principales eran: pagos de la jornada a 18 peniques, supresión del sistema esclavista de pago en fichas, cubrir las bateas en prevención de accidentes (seguridad laboral), escuelas para los hijos de los trabajadores, e indemnización al desahucio (despido justificado y remunerado). Los dueños de las industrias salitreras se negaban a ir a negociar con los trabajadores hasta que no depusieran la huelga, pero estos se negaban a volver a sus puestos de trabajo hasta que no les atendieran sus patrones. Al lugar se apersonó Carlos Eastman, quien ostentaba el cargo de Superintendente, y asume el papel de mediador en el conflicto, sin éxito ante el poder manipulador de los empresa - rios. Sin embargo, la realidad es que el Ministro del Interior, Rafael Sotomayor, y el propio Presidente de la República Pedro Montt, habían dado la orden expresa, por escrito, de prohibir la libertad de manifestación a como diera lugar así tuviera que usarse la fuerza, ya que la misma rondaba los diez mil huel - guistas, y no sólo estaban en el patio de la escuela, sino que ocupaban también la plaza central de la ciudad. Cabe destacar que para el momento, Chile enfrentaba una fuerte devaluación de su moneda. El General Roberto Silva Renard, el jefe militar de la región, recibió entonces una orden directa del Presidente Montt mediante telegrama: “Adopte toda medida para cesación inmediata de huelga. Montt.”. De esta manera, Silva Renard pretendió dar la orden a los manifestantes de marcharse a sus lugares de trabajo, pero, como era de esperarse, estos se negaron ya que sus patrones no les daban la cara.
El informe que Silva Renard envía al Ministro Sotomayor, justificando su acción, detalla cínicamente los hechos:
“Como se comprenderá, los oradores no hacían otra cosa que repetir los lugares comunes de guerra al capital y al orden social existente”. (Archivo General de Chile, citado también por el historiador Sergio Grez Toso en su ensayo La guerra preventiva: Escuela Santa María de Iquique. Las razones del poder, en la página web: http://dialogoandino.cl/wp-content/ uploads/2016/07/05-GREZ-DA-31.pdf .
Finalmente, a las 3:30 de la tarde del 21 de diciembre, Silva Renard grita la orden de fuego contra los delegados que estaban en la parte alta de la escuela y contra la multitud en general. El parte oficial de la matanza sólo reconoció 120 muertos, sin embargo, diferentes testimonios de sobrevivientes y testigos que se recogieron a lo largo del siglo XX, dieron fe de que allí, en poco menos de un minuto (treinta segundos exactamente admitió el mismo Silva Renard en el citado informe), el ejército asesinó entre 2000 y 3000 personas, entre hombres, mujeres y menores de edad. Dichos sobrevivientes huyeron del sitio, derrotados, heridos, humillados, ensangrentados, con sus fami - liares asesinados y además, obligados a volver a sus puestos de trabajo, mientras sus muertos dejados atrás en el centro de Iquique, fueron enterrados en una fosa común a las afueras del pueblo. Por lo escandaloso de la masacre, y la cobertura mediática que tuvo, el Congreso Nacional ordenó crear una Comisión Oficial de Investigación del suceso… la cual nunca fue conformada. En 1914, en general Silva Renard fue mortal - mente herido por un sobreviviente de dicha masacre, uno de los reconocidos fundadores del movimiento anarquista chileno Antonio Ramón Ramón, quien vengó la muerte de sus familiares asesinados por orden del militar… Lo único parecido a la justicia que hubo para quien causó tantas muertes.
Hoy, por decisión de la Presidenta Michele Bachelet, cada 21 de diciembre, desde el centenario de la masacre en 2007, ha sido declarado Día de Duelo Nacional y se creó un monumento en homenaje a los y las mártires de Iquique. Sin embargo, las secuelas de la masacre están aún vivas en la pampa chilena, en los kilómetros y kilómetros de carreteras solitarias, con ruinas de lado y lado, en la larga costa donde sólo se oyen el viento asediando desde el desierto de Atacama y el mar en su eterno ir y venir desde el Pacífico, todo en una conmovedora gran desolación.
(Artículo original accesible en: http://masdelodebidoymenosdeloquerido.blogspot.com/2014/11/iquique-o-la-gran-desolacion.html )
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